A Arte do Tag Team Wrestling #1 - Antonio Inoki & Keiji Muto vs Riki Choshu & Tatsumi Fujinami

Estrelas são raras no wrestling, por isso elas são tão especiais. Antonio Inoki, em particular, é um dos sujeitos do qual é quase impossível tirar os olhos justamente por isso.
Recrutado por Rikidozan em uma plantação de café no interior de São Paulo, Inoki foi ao Japão tornar-se uma das maiores estrelas do país. Mais tarde, fundou a New Japan Pro Wrestling, empresa na qual sua lenda apenas cresceria.
É impraticável olhar para esta luta e não pensar na narrativa involuntária contada pela história de cada um dos wrestlers envolvidos. Estamos no ano de 1987. Inoki já é um veterano, Fujinami já se estabeleceu com um das principais estrelas do país, Choshu acabou de voltar de uma fantástica passagem pela All Japan Pro Wrestling e Muto se prepara para se tornar a grande estrela em que se tornaria na próxima década.
Logo, cada movimento aqui importa ao considerar-se que, cada um desses sujeitos, em algum ponto de suas carreiras, foram as figuras mais importantes em suas respectivas companhias.
É, sem dúvidas, um embate lento, permeado por holds que deixam a ação um tanto mais vagarosa que o necessário. Ainda assim, é fascinante ver esses sujeitos envolvidos na mesma luta.


Choshu em particular se destaca aqui. Basta olhar para sua expressão facial, para a forma como anda dentro e fora do ringue para que se tenha uma noção de sua gimmick.
Os holds, de certa forma, sobretudo os aplicados por Choshu e Fujinami, funcionam como uma metáfora para a forma como essas novas estrelas querem conter a figura de Inoki. Apesar da idade já um pouco avançada, há uma noção de respeito para com ele. Por outro lado, Muto é a novíssima geração, e aparece aqui, ao mesmo tento, tentando se provar, e honrar o mestre com quem faz dupla. Há um código de conduta diferente entre esses senhores. De certa forma, isso tudo representa, também, a cultura social oriental.
A ofensiva de Muto, muito mais moderna que a dos demais envolvidos na luta, também causa um contraste geracional que melhora ainda mais a narrativa.

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